sábado, 31 de julho de 2010

De tudo, de nada.

Vida que nos prega peças.

Com tudo novo, o que posso dizer sobre tudo que ficou pra trás? As palavras que penso são apenas aquelas tristes, aquelas que nos apertam o coração, aquelas que nos transmitem dor e que podem ser resumidas em uma única, abrangente e profunda, que só em nossa língua mãe, nosso dialeto precioso tem nome. SAUDADE!
A vida nos mostra vários caminhos a seguir, como um autor que não me lembro o nome falou, "a vida é feita de escolhas", escolhas essas que nos trazem conseqüências, às vezes boas, às vezes ruins. Eu fiz várias em toda a minha vida, mas sem dúvida a escolha mais difícil, eu fiz a exatos 52 dias. A independência. A tão sonhada independência. E a tão CARA independência.
Mas por que tão cara, por que tão doída, por que tão sofrida? Aos 19 anos não é fácil se destinar na vida, quando não se tem apoio financeiro, e quando se tem apenas uma parte de apoio moral. Eu sabia a dificuldade, tinha a consciência dos obstáculos, mas quis seguir, quis me aventurar, quis decidir sozinha pela minha vida. Fiz e fiz de forma sutil, sem grandes lampejos de egoísmo e de falta de carinho com quem ficou. "Sem mágoas, seguirei em paz" como diz a canção, mas essa paz ainda não alcancei, por que? Eis a questão.
Talvez eu me entenda melhor, me entenda como sou, e como sou, saiba o por que desse sentimento tão contraditório. Um sentimento que me remete a sentir falta não da comida feita, da roupa lavada, do trabalho fácil, da falta de preocupação que temos qto ao futuro quando moramos na casa dos pais. Sinto falta por mais contraditório que seja, do carinho duro, da proteção exacerbada, da irmã chata, do irmão brigão, dos 3 gatinhos, da cadelinha mel, dos 4 passarinhos... Da minha casa, que agora é apenas a casa da minha mãe. São 15 dias só Diana, vc vai se acostumar, vou, vou sim, mas que dói dói.
Tenho saudade de tudo, de cada pedaço dessa casa, mas a vida me ensinou a nunca desistir e lutar por cada minuto vivido.
E cada um pode ter certeza, vai valer muito a pena.



" ... Nascemos para voar e temos a obrigação de levantar vôo sempre. Isso digo eu, que caí e me despedacei muitas vezes. E, não obstante, insisto. Quando você sentir que vem abaixo, que cai vertiginosamente entre fragmentos e ossos, entre prantos de areia e aguaceiros de vidro, bata as asas algumas vezes. E para cima."

Jesús Quintero. "Do livro Nunca se Renda presente do meu amado pai em 28/06/2002"